Guarda-chuva
Guarda-chuva
Não há guarda-chuva contra o poema
subindo de regiões onde tudo é surpresa
como uma flor mesmo num canteiro.
Não há guarda-chuva contra o amor
que mastiga e cospe como qualquer boca,
que tritura como um desastre.
Não há guarda-chuva contra o tédio:
o tédio das quatro paredes,
das quatro estações, dos quatro pontos cardeais.
Não há guarda-chuva contra o mundo
cada dia devorado nos jornais
sob as espécies de papel e tinta.
Não há guarda-chuva contra o tempo,
rio fluindo sob a casa,
correnteza carregando os dias, os cabelos.
[joão cabral de melo neto]
Não há guarda-chuva contra o poema
subindo de regiões onde tudo é surpresa
como uma flor mesmo num canteiro.
Não há guarda-chuva contra o amor
que mastiga e cospe como qualquer boca,
que tritura como um desastre.
Não há guarda-chuva contra o tédio:
o tédio das quatro paredes,
das quatro estações, dos quatro pontos cardeais.
Não há guarda-chuva contra o mundo
cada dia devorado nos jornais
sob as espécies de papel e tinta.
Não há guarda-chuva contra o tempo,
rio fluindo sob a casa,
correnteza carregando os dias, os cabelos.
[joão cabral de melo neto]